PMDB e PSDB ameaçam aliança contra ACM Neto.
Por Vandson Lima e Cristiane Agosti, do jornal Valor Econômico
“Dada a situação, nem tenho como continuar a conversar com o DEM. Mas PSDB e PMDB continuam negociando e podem lançar juntos uma alternativa para Salvador”, afirma o ex-ministro da Integração nacional Geddel Vieira Lima (PMDB). O deputado federal Antônio Imbassahy (PSDB) diz que sua pré-candidatura está mantida, mas que também vislumbra a costura com o PMDB. “As tratativas com o PMDB seguem, uma aliança pode ocorrer ainda. Sobre o DEM, não conversei com ACM Neto nos últimos dias”, pontuou.
Geddel garante que não há articulação nacional do PMDB que possa interferir na disputa em Salvador. “Não tem essa de trocar o apoio na cidade por candidaturas do PMDB em outros Estados. Ninguém vai interferir aqui”, garante. O PMDB mantém o radialista e ex-prefeito Mário Kertész como pré-candidato.
Apesar das pretensões de Imbassahy, sua postulação é mais complicada. Em reunião na sexta-feira, a executiva estadual do PSDB da Bahia enfatizou que a aliança com o PMDB continuava na pauta, mas recomendou ao diretório local evitar candidaturas concorrentes entre o PSDB e o DEM, o que já ocorreu em 2008 – também com ACM Neto e Imbassahy na disputa. Ambos saíram derrotados naquela oportunidade.
Além disso, ele pode ser atropelado pela articulação nacional. O DEM quer o apoio do PSDB em Salvador, grande aposta do partido entre as capitais, em troca do apoio à pré-candidatura do tucano José Serra na disputa pela Prefeitura de São Paulo. Questionado, o presidente nacional do PSDB, deputado federal Sérgio Guerra (PE), afirmou que haverá acordo entre as duas siglas na capital baiana. “Neto é um líder do DEM e da oposição. Vai haver entendimento, está muito próximo. Os dois partidos estão muito empenhados em fazer acordos pelo país e o DEM é um partido que tem tudo a ver com a gente”, avaliou. Imbassahy se exaspera com tal possibilidade. “Eu acho um grande equívoco ligar o destino de Salvador à articulação em São Paulo”, avalia.
Presente ao lançamento da pré-candidatura de ACM Neto, o presidente nacional do DEM, senador José Agripino Maia (RN), acredita que ainda há espaço para a negociação. “Com a pré-candidatura posta podemos negociar alianças”, disse. “Fizemos uma convocação a ACM Neto para ele ser candidato e ele aceitou”.
Na semana ada Agripino esteve em São Paulo para uma conversa com o governador Geraldo Alckmin (PSDB). O tucano teria acenado ao DEM, há algumas semanas, com a vaga de vice na chapa de Serra.
Já com o PMDB há dificuldades, segundo Agripino. “O PMDB é da base do governo federal. O diálogo não é muito fácil”, comentou.
Quanto esteve em Luís Eduardo Magalhães, há cerca de 45 dias, Lúcio Vieira Lima nos assegurou: Mário Kertész é o candidato do PMDB. Na realidade, quem queria essa vaga de candidato era o próprio Geddel, mas o isolamento do PMDB depois da derrota de sua candidatura em 2010, ao Governo do Estado, provocou estas mudanças.