Aí vem a soja que resiste a seca, com capacidade de avançar no semiárido.
A semente de soja com gene tolerante à seca poderá estar disponível no mercado em cinco anos. A previsão foi feita pelo professor Márcio Alves Ferreira, da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), em palestra apresentada no Centro de Estudos e Debates Estratégicos da Câmara dos Deputados (Cedes). Após os estudos realizados em laboratório, as plantas deverão ser testadas em campo e, depois, dependerão de liberação da Comissão Técnica Nacional de Biossegurança (CTNBio) para sua comercialização.
Ferreira é responsável pelas pesquisas do projeto Genosoja, que pretende viabilizar o cultivo de soja em áreas com escassez de água, como as regiões do semiárido. O pesquisador demonstrou como pode ser possível, por meio da biotecnologia, a transferência dos genes do café tolerantes à seca para outras espécies cultivares, como o algodão, a cana de açúcar, o feijão, o arroz e a soja. Ele ressaltou que a previsão da disponibilidade de cinco anos para o mercado vale apenas para a soja, cujos estudos estão mais avançados.
Segundo o professor, a tolerância da soja à seca vai ampliar as fronteiras agrícolas e viabilizar terras não utilizadas, ou subutilizadas, por causa da falta d’água. “A soja poderá ser cultivada em outras regiões, além do Centro-Sul”, afirmou.
De acordo com o pesquisador, em uma situação adversa, com redução de 50% da quantidade de água, a planta pode crescer sem prejuízo de suas qualidades funcionais, como se estivesse em condições normais. Para Ferreira, o gene tolerante à seca poderá ser inserido futuramente em qualquer espécie, como em hortaliças.
Essa tolerância da soja ao estio tem limites, é óbvio. No plantio que não prosperar o feijão, a soja também não vai produzir, mesmo que geneticamente modificada. Se uma cultura convencional precisa de 550 mm de água ao longo do ciclo, aquela transgênica vai precisar de no mínimo 350 mm. A pesquisa e a extensão rural deveriam se preocupar mais com técnicas de irrigação de alta tecnologia e baixo consumo, como a sub-infiltração, usada nos desertos de Israel, no Iraque e nos Estados Unidos.
Republicou isso em Agro Mecanica Tatui.