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Como o dinheiro da corrupção voava para as mãos dos políticos

31/03/2015
Adarico Negromonte, o "correio da Bahia".

Adarico Negromonte, o “correio da Bahia”.

O jornal Folha de São Paulo descreve as peripécias dos “correios” do propinoduto da Operação Lava Jato:

“A rotina dos entregadores do doleiro Alberto Youssef envolvia o desconforto para levar centenas de notas presas ao corpo e situações como o encontro com um político odiado e uma confusão com a tripulação de um avião.

Em depoimentos e conversas com investigadores e advogados, Rafael Angulo Lopez, funcionário de Youssef que fez acordo para colaborar com as apurações, explicou como era possível levar até € 1 milhão (cerca de R$ 3,5 milhões) em notas de € 500, ou R$ 500 mil em notas de R$ 100.

A estratégia era compactar ao máximo o dinheiro.

As notas eram envolvidas com filme plástico usado para embalar alimentos e os volumes furados, para tirar o ar. Meias elásticas e coletes ortopédicos ajudavam a ocultar os pacotes sob as roupas.

Lopez disse que uma vez ficou contrariado ao levar uma quantia para o senador e ex-presidente Fernando Collor de Mello (PTB-AL), pois teve o dinheiro de sua caderneta de poupança confiscado em 1990, no breve governo do alagoano.

O entregador disse ao doleiro que não iria levar o dinheiro, mas o chefe insistiu. Lopez afirmou que então fez a entrega a Collor no apartamento dele, e ao se dirigir para a saída, resmungou: “Velho gordo!”

O delator também relatou uma ocasião em que outro emissário de Youssef, Adarico Negromonte, foi encarregado de levar R$ 500 mil a Salvador. Ele embarcou no avião errado, rumo a Maringá (PR), e discutiu com os tripulantes do avião, mas não conseguiu trocar de aeronave e foi obrigado a ir até o Paraná e voltar.

O ex-presidente Collor nega ter recebido propina do esquema de corrupção e diz que o encontro relatado por Lopez não aconteceu. Negromonte afirma que o episódio descrito por Lopez não ocorreu.”

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