Médicos do DF assaltavam Estado em R$15 mil por mês de horas extras

Hígia (em grego antigo: Ὑγίεια), na mitologia grega, era a filha de Esculápio. Era a deusa da saúde, limpeza e sanidade (e posteriormente: a Lua), exercia uma importante parte no culto do pai. A imagem acima refere-se a versão romana da deusa.
Operação deflagrada pelo Ministério Público do Distrito Federal e pela Polícia Civil nesta quarta (15) revelou que médicos do Hospital de Base chegaram a receber até R$ 15 mil, por mês, em horas extras indevidas.
Batizada de Hígia, a operação apura fraudes na gestão de UTI adulta da unidade. Segundo o inquérito, esses profissionais contabilizavam, mensalmente, cerca de 135 horas a mais de serviço – carga acima da autorizada pela Secretaria de Saúde.
“Conseguimos registros de médicos que fizeram plantões de 36 horas durante quatro fins de semana seguidos, fora a escala normal. Nessas condições, é humanamente impossível que esses servidores pudessem prestar atendimento digno aos pacientes”, declarou o promotor de Justiça de Defesa da Saúde Luis Henrique Ishihara, na tarde desta quarta.
Investigações apontam que médicos pagavam outros servidores para cumprirem seus plantões, e conseguiam abonos mesmo com o registro de frequência “negativo”. Médicos que atuavam no Hospital de Base e davam aula na Faculdade de Ensino e Pesquisa em Ciências da Saúde (Fepecs) tinham folhas de ponto com a mesma carga horária nos dois órgãos.
Todo esse esquema ocorria, segundo o Ministério Público, sob a coordenação da ex-chefe da UTI adulto do Hospital de Base, Vânia Maria de Oliveira. De acordo com o promotor, durante o período da investigação, de 2013 a 2016, ela era médica concursada da Secretaria de Saúde, respondia por um cargo comissionado, cumpria cargo temporário como médica intensivista da UTI e trabalhava em duas clínicas particulares.
Chamada pelo MP a dar esclarecimentos, Vânia optou pelo silêncio. Ao todo, a Justiça expediu 16 mandados de condução coercitiva (quando o alvo é obrigado a depor) para 13 médicos e 3 servidores da UTI. Quatro mandados de busca e apreensão foram cumpridos no Hospital de Base, na Fepecs, na casa da médica citada e nos sistemas de informática da Secretaria de Saúde.
Investigação
Conforme indicou o promotor, “os servidores tinham tanta certeza da impunidade que se davam ao luxo de não checar as escalas”. A intenção do MP, agora, é investigar as condutas dos médicos em 2017. A Polícia Civil apreendeu documentos, atestados, folhas de ponto e escalas durante ação no Hospital de Base na manhã desta quarta. Conteúdo do G1.