Madame Almerinda reaparece, envergonhada pelo ocaso dos seus ídolos

Retrato da velha maligna quando jovem
Toca o telefone vermelho na sala de pânico de O Expresso. Já sei: é ela, a morfética, a inominável, a quenga dos espíritos malignos, Madame Almerinda, aparecida depois de um longo e tenebroso verão:
-Está aí periodista?
-Sim, Madame, ainda em pleno gozo da Saúde? Ouvi dizer que estava fazendo parte do Gabinete de Oziel. É verdade?
-Fui convidada, Periodista. Mas lá só tem cobra criada. Não tenho chance.
-Ora, que dó! E aí, quais são as novidades?
-Só pra te avisar que hoje tem a concorrência da propaganda do Governo Oziel e é bom você ficar de olho no resultado.
-Nada tenho a ver com isso, Madame.
-Claro que tem, Periodista. Tu não vives de propaganda?
-Nada Madame. Vivo da generosidade dos amigos e da venda dos ovos das minhas galinhas.
-Presta atenção, Periodista. Saturno é o novo regente da astrologia, ciclo que se iniciou em 21 de março e vai até 2052. Confusão à vista: antevejo queda de presidentes, prisão de mariconas do pó, convulsão social e muita confusão.
-Está bem, Madame. Você não quer ser presidente de dois partidos em Luís Eduardo Magalhães, PSDB e PMDB? As carteirinhas estão sendo vendidas por R$10,00 cada uma. E acompanham duas camisetas do Flamengo, aquele que só sente o tal cheirinho.
A linha caiu. Desconfio que Madame Almerinda está abalada com os acontecimentos de Brasília, ela que é fã incondicional do cheirosinho João Dólar, o Menino Malufinho, aquele que surrupiou R$6,5 milhões da EMBRATUR. Desapareça, Madame, a Senhora está muito coxinha para o meu gosto.
Estou desconfiado também que os ídolos de Madame estão desaparecendo por overdose. De dólares e de prosaicas garoupas, acondicionadas em mochilas chipadas.