20 anos começam nesta noite. Bolsonaro achou o golpe que tanto procurava.
08/07/2021
A nota assinada pelo Ministério da Defesa e pelos comandantes das Forças Armadas do Brasil é o preâmbulo de um golpe de Estado tão acalentado por Jair Messias Bolsonaro.
Atiçado pela crescente impopularidade e pelas notícias de grossa corrupção no Governo, em especial no Ministério da Saúde e no Ministério da Fazenda, Bolsonaro sabe que não tem fôlego para disputar as próximas eleições. Pelas pesquisas, na polarização do segundo turno, perde para todos os candidatos, inclusive para Dória e Ciro, os de menor expressão.
Resta então aos militares e às forças auxiliares, as PMs dos Estados, um golpe de força para manter o atual Presidente no poder ou qualquer outro candidato, desde que fardado.
Para os mais antigos, que já viveram 1964, está fácil vislumbrar o caminho: legislativos ameaçados, Justiça enfraquecida, meios de comunicação censurados e controle seletivo das mídias sociais, a par de prisões arbitrárias e nulidade das garantias individuais.
Se com todo o controle da imprensa e das mídias sociais, já tivemos um magote de militares envolvidos em manobras arriscadas no Ministério da Saúde, essas ousadias agora deixarão de ter sua relevância, pois todos estarão calados.
Ao mesmo tempo em que retomam uma posição franca de confronto, os militares erram ao manter o Presidente, julgado e sentenciado com a aposentadoria pelo Superior Tribunal Militar como incapaz para exercer o oficialato e comandar tropas.
Neste momento, começa a ser inteligível a visita do Diretor da Central Intelligence Agency a vários membros do Governo há pouco mais de uma semana. Teria ele vindo ao Brasil para, em conversas ao pé do ouvido, garantir apoio ao fechamento do regime?
Aos norte-americanos interessa refrear os interesses chineses e garantir os recursos naturais do País, como ação estratégica para o enfrentamento à China na escalada pelo domínio da economia e do poder militar em todo o Mundo.
Não se iludam: o golpe de 2016 foi dado sob o patrocínio dos EUA, no momento em que o Brasil se alinhava com os BRICs – Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul, na tentativa de unir 50% dos mercados de consumo da Terra em um acordo independente do dólar. Seria o grito de independência ao acordo de Bretton-Woods quando os vencedores da II Guerra Mundial quebraram o padrão ouro e estabeleceram o padrão dólar.
Continuamos dependentes dos EUA. Inclusive da comunicação, dado o fato que a internet brasileira circula primeiro pelos Estados Unidos para depois ser distribuída ao resto do Planeta.
Uma longe e tenebrosa noite institucional pode estar começando novamente. E esperamos que ela dure apenas 20 anos, como durou aquela iniciada em março de 1964.
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