O salto da energia eólica: setor prevê quase dobrar de tamanho até 2030, com aportes de R$ 175 bi.
28/01/2024
Energia dos ventos já representa cerca de 15% da matriz elétrica brasileira; para especialistas, potencial de geração dessa fonte no Brasil, na terra ou no mar, é ‘quase infinito’
De Denise Luna, no Estadão.
Primeira das “novas energias” a chegar ao Brasil, a fonte eólica, ou movida pelos ventos, tem batido recordes sucessivos de instalação e já trouxe mais de R$ 300 bilhões em investimentos para o País. Em 2023, respondeu por quase 50% de toda expansão do setor elétrico – dos 10,3 mil megawatts (MW) adicionados ao sistema elétrico, 4,9 mil MW vieram das usinas eólicas.
E a tendência é essa expansão continuar firme nos próximos anos. Até 2030, serão investidos mais R$ 175 bilhões para acrescentar 25 mil MW de potência, levando-se em conta apenas os projetos já contratados em leilões nos últimos anos. Com isso, a geração eólica deve quase dobrar, ando da capacidade atual de cerca de 30 mil MW para 55 mil MW.
Esses números referem-se, por enquanto, apenas a projetos construídos em terra. Quando a tecnologia chegar ao mar, o que deve acontecer na próxima década, a expectativa é triplicar os investimentos. A avaliação no setor é que as eólicas offshore devem dar grande impulso à geração de energia elétrica do País.
“O crescimento da eólica se deve primeiro à sua competitividade, porque ela gera energia mais barata. E, desde 2018, além das contratações em leilões, a eólica também começou a ser contratada no mercado livre (onde o consumidor pode comprar energia diretamente de quem oferece o menor preço). O mercado livre foi um grande impulsionador e continua sendo, e não deixará de ser”, diz a presidente da Associação Brasileira de Energia Eólica (Abeeólica), Elbia Gannoum.
A expansão das novas fontes renováveis – além da eólica, a solar também tem ganhado bastante espaço no Brasil – é importante por pelo menos dois motivos. O primeiro é a questão ambiental, já que essas são fontes consideradas “limpas”, em um momento em que o mundo a por um acelerado processo de descarbonização, com a urgência dos problemas provocados pelo aquecimento global.
O segundo é econômico. Uma boa oferta de fontes limpas de energia pode ser um poderoso atrativo para investimentos de empresas que buscam reduzir suas emissões de carbono na atmosfera, pressionadas por acionistas e consumidores cada vez mais preocupados com os problemas climáticos. A energia hidrelétrica também é considerada limpa, mas hoje tem uma possibilidade de expansão muito menor, especialmente levando-se em conta as dificuldades de licenciamento ambiental.
Além disso, as novas fontes renováveis têm se provado, nos últimos anos, também serem mais baratas que as fontes tradicionais. No leilão de energia nova – de usinas que entrarão em operação a partir de 2027 -, realizado em outubro de 2022 pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), isso ficou claro. As usinas solares e eólica conseguiram oferecer energia a menos de R$ 180 o megawatt/hora, enquanto usinas a biomassa tiveram preço de R$ 211 o MWh e as hidrelétricas, de quase R$ 280 o MWh, segundo dados da Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE).
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