Na Polícia do Rio cada assunto tem um preço, diz delator Ronnie Lessa
28/08/2024
No segundo dia de seu depoimento em audiência no Supremo Tribunal Federal (STF), o réu colaborador Ronnie Lessa afirmou que a Polícia Civil do Rio possui uma tabela de preços para o pagamento de propinas. – Casas de massagem, contravenção, milícia, tráfico, tudo tem um preço na Polícia Civil.
A questão das propinas na DH (Delegacia de Homicídios) não é novidade. Se juntarem todos os inquéritos, desde a gestão de Rivaldo Barbosa, será um escândalo. Quem entra na estatística é o cachaceiro que dá uma garrafada na cabeça do outro e mata. Quem tem dinheiro não vai preso — afirmou Lessa.
O delator acrescentou que foi Rivaldo quem incentivou a transformação da DH em Divisão de Homicídios, justamente para aumentar o valor da propina. — Ele criou essa super DH. Aprenderam técnicas no FBI, e daí surgiu a Divisão de Homicídios.
Rivaldo tinha os apelidos de “Topa”, por “topar tudo por dinheiro”, uma referência ao programa do Silvio Santos, e “Tio Patinhas”. Houve as mortes do Falcon (Marcos Falcon, presidente da Portela), do Pereira (sargento Geraldo Pereira, miliciano), do Zé Personal (genro do contraventor Waldomiro Garcia, o Maninho), do Escafura (Haylton Escafura, filho do bicheiro Piruinha), e nada foi resolvido. Esses casos são os mais conhecidos.
Se houver uma intervenção na DH, o valor da propina vai aumentar. Isso se chama arrego. Eles (policiais da DH na época de Rivaldo) são especialistas em redirecionar as investigações — disse o delator. (Globo, via Noblat)
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